Escândalo na Petrobras
Supostas denúncias feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa à Polícia Federal
estremeceram o cenário eleitoral, a pouco menos de um mês para o primeiro turno
das eleições.
De acordo com uma reportagem publicada no sábado pela
revista Veja, Costa teria citado mais de 30 nomes, entre deputados, senadores,
governadores e ministros, como beneficiários de um esquema de propina envolvendo
contratos da estatal.
A reportagem não traz detalhes, documentos nem valores sobre
o possível esquema. Os nomes, segundo a revista, teriam sido mencionados por
Costa à Polícia Federal durante 40 horas de depoimento, como parte do acordo de
delação premiada que o ex-diretor fez com procuradores da força-tarefa da
Operação Lava Jato.
A operação Lava Jato foi deflagrada em março com a prisão do
doleiro Alberto Yousseff, acusado de liderar um esquema de lavagem de dinheiro
que teria movimentado R$ 10 bilhões.
'Homem-bomba'
Ex-diretor de abastecimento e refino da Petrobras entre 2004
e 2012, Costa é suspeito de intermediar negócios entre a estatal e
fornecedores, e distribuir propina a políticos.
Ele foi preso em 20 de março deste ano por tentar ocultar
provas de esquema de lavagem de dinheiro e solto cerca de um mês depois. Em
junho, voltou à prisão e aceitou acordo de delação premiada.
Segundo a Veja, Costa teria afirmado à Polícia Federal que
os políticos citados por ele ficariam com uma comissão de 3% sobre o valor de
contratos firmados pela Petrobras.
Ainda de acordo com a reportagem, o ex-diretor de
abastecimento da Petrobras teria admitido pela primeira vez que empreiteiras
envolvidas em contrato com a estatal eram obrigadas a contribuir para um caixa
paralelo.
A reportagem da revista também faz menção à compra da
refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, contra a qual pesam denúncias de
superfaturamento. Segundo a publicação, Costa disse que a aquisição da planta
teria servido para abastecer o caixa de partidos e como propina para os
envolvidos no esquema.
Reações
O conteúdo da publicação gerou reações em todo o espectro
político, inclusive dos presidenciáveis.
Neste domingo, o ministro-chefe da Secretária-geral da
Presidência, Gilberto Carvalho,
minimizou o impacto das denúncias feitas por Costa, chamando-as de
"boataria".
"Acho que estão tentando usar essa delação premiada, ou
melhor, a notícia parcial de vazamento não confiável, para tentar, um pouco no
desespero, mudar o rumo da campanha", afirmou Carvalho, que não figura na
suposta lista de políticos relatada por Costa.
"Não posso tomar como denúncia contra a base aliada uma
boataria de um vazamento, de um procedimento que eu não sei qual é".
"Vazamento é sempre condenável; pode ser usada por um
advogado de um réu para prejudicar outro...", acrescentou.
Já o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, afirmou que as denúncias vão ser
investigadas. "O inquérito corre em sigilo por isso não é possível fazer
nenhuma valoração a respeito".
Confira abaixo as reações dos principais candidatos à
Presidência à reportagem da revista Veja sobre as supostas denúncias de Paulo
Roberto Costa.
Dilma Rousseff:
"[Uma reportagem] não lança suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em
que ninguém do governo foi oficialmente acusado". "Ao ter os dados eu
tomarei todas as providências cabíveis, tomarei todas as medidas, inclusive, se
tiver que tomar medidas mais fortes".
Aécio Neves:
"Não dá para a presidente Dilma dizer que não sabia o que vinha
acontecendo. A marca mais perversa do governo do PT é o aparelhamento do
Estado. Eles têm um plano para se perpetuar no poder, causando situações como
esta da Petrobras. Os cargos de direção precisam ser ocupados por pessoas sem
ligação com partidos políticos e não por pessoas que negociem, troquem
favores".
Marina Silva:
"O PT e o PSDB estão juntos numa campanha desleal, que afronta a
inteligência da sociedade brasileira fazendo todo o tipo de difamação,
calúnias, desconstrução do nosso projeto político e da minha pessoa, enquanto o
que estamos fazendo é discutindo e dialogando". "Nós queremos as
investigações. Não queremos que prevaleça a estratégia leviana que já se faça
associação inclusive (com integrantes do partido dela, PSB) esquecendo a grande
quantidade de envolvidos que estão por aí vivos e muito aptos a continuar
diminuindo o patrimônio público."
Fonte: Veja e BBC Brasil
Fonte: Veja e BBC Brasil
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